
Zacarias e Isabel eram casados, não tinham filhos e já eram de idade avançada. Não ter filhos naquela época era roubada.
Zacarias era sacerdote e um dia, como de costume, entrou sozinho no templo para oferecer o incenso, a multidão lá fora. No templo aparece um anjo e diz a Zacarias:
– Isabel tá prenha.
– Como???
– Acredite, sou o Gabriel. Fica na tua, nem um pio.
Zacarias emudeceu por meses.
Gabriel, que não conseguia manter a espada embainhada, seis meses depois vai a Nazaré e visita (juro por Deus) uma virgem.
Essa virgem se chamava Maria, era prima de Isabel (ceis queria o quê? O mundo HOJE é um ovo, magina naquele tempo?) e tcham-tcham-tcham-tcham! noiva de José, e dessa visita resulta a segunda prenhez dessa história.
Fato é que mulher, a gente sabe, quando precisa discutir um problema faz o quê? Acertou, publica no grupo do Face. O equivalente, naquela época, era ir pra casa da prima.
Foi só chegar e Isabel:
– Gabriel teve lá, né prima?
Zacarias nessa hora destrambelha a falar:
– O nosso terá o nome do pai: Zacarias.
Isabel:– Well, não vamos mexer nesse assunto. Melhor João.
E assim foi.
Analisemos:
Essa história determinou o rumo de toda cultura ocidental e foi criada a partir de um problema, ou melhor, de dois problemas que poderiam ter sido resolvidos pela violência imediata do patriarcado. O que fez as mulheres concordarem com a história e a sustentarem cada um dos dias de suas vidas é fácil imaginar. A pena para adultério era apedrejamento e não prescrevia. A profecia do Salvador que livraria os hebreus do jugo da escravidão já existia e não era nova, vinha desde o profeta Isaías. A grande sacada de Zacarias foi personificá-la. Maria e Isabel não teriam conseguido sozinhas, pois mulher não tinha voz, tampouco credibilidade pra sustentar um negócio desses. Daí nasceram João Batista e Jesus, tendo o primeiro batizado o segundo, coroando com sucesso uma empreitada que surgiu ao redor do fogo, com um sacerdote e duas mulheres. A José, a história já chegou pronta, coube a ele só aceitar. Zacarias era sacerdote e visionário. Matou dois coelhos, a gravidez de Maria e de Isabel, ambas do mesmo anjo Gabriel e garantiu a curto prazo uma história ótima pra contar na taberna, e a longo prazo, um lugar na história.
Ou é isso, ou um anjo desceu do céu e emprenhou duas primas só com uma zoiada.
Acontece muito.
Fonte: Lucas 1:5-25, 26-38, 39-45.
Amei a surpresa. Conheço pouco da história, adoro as sacadas, grande tradução! rs
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Zacarias foi um cara sagaz!
Bem vindo anônimo!
Deixa nomim da próxima vez.
bj
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Ótimo! Já pode participar do documentário ” A Bíblia Proibida” do History Channel! bjssss
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Obrigada, Tina! Iremos!
beijos!
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Também tem Moisés, que foi “pescado das águas” pela filha solteira do faraó. Toda a história da maior religião ocidental começou com algumas mocinhas dando versões criativas de suas gravidezes inesperadas — e dos homens espertos que as aceitaram ou confirmaram.
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Moisés é o próximo texto, amore! O meu personagem favorito do velho testamento.
beijos
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Suzi, tá muito show! Adorei!
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Obrigada! Mês que vem tem mais! beijos!
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Agora que estou lendo essas histórias! Estão ótimas! Gosto muito do pai que teve que dar o filho como oferenda a Deus e no último minuto Ele disse que era um teste. Li no livro sobre educação infantil mais doido de todos e por isso mesmo excelente, uma comparação a essa passagem com o fato dos filhos crescerem. Li o livro há 30 anos. Não me lembro perfeitamente. Mas alguma coisa no sentido de que apenas quando o pai foi capaz de enxergar o filho como uma pessoa autônoma a ele, pai, foi que o filho ficou livre da herança que o pai lhe impunha a carregar pela vida (parece que o rapaz teve que carregar o feixe de lenha que acenderia o fogo) . Quer dizer, o castigo de deus deixou de existir no momento em que o pai compreendeu que o fillho não era ele.
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Bacana a tese do livro!
Que bom que está gostando dos textos!
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